“Entendam a estratégia da empresa e onde ela quer chegar, pois assim o gestor vai conseguir conectar a área dele a esse processo de planejamento financeiro.”
Planejamento é a base para que qualquer objetivo se torne uma realidade, seja na vida pessoal ou profissional. Com uma empresa não é diferente.
Analisar, repensar, realocar e planejar as diretrizes orçamentárias são essenciais para a sustentabilidade do negócio. Trata-se de um esforço coletivo, mas que precisa de alguém à frente para nortear as decisões e apontar caminhos: O CFO (Chief Financial Officer) ou Diretor Financeiro.
Para nos explicar com mais detalhes como se dá seu trabalho, nosso entrevistado da vez é Marcello Alvarenga, CFO na Docway.
Então, pegue um cafezinho, uma calculadora, se ajeite e aproveite a leitura! ☕
1. Muitas pessoas já ouviram falar em planejamento financeiro e sua importância, mas poucas sabem do que realmente se trata. Afinal de contas, o que é um planejamento financeiro?
Consiste em estabelecer, com antecedência, ações a serem executadas, considerando cenários pré-definidos e os recursos financeiros necessários para que os objetivos de longo prazo da empresa sejam atingidos, proporcionando ainda estabilidade financeira para a empresa, gerenciamento de riscos e maximização do retorno sobre o investimento. Trata-se de um tema fundamental para o crescimento sustentável de uma empresa.
2.O planejamento financeiro irá impactar uma empresa durante um ano inteiro. Portanto, em meados de que mês começam os estudos para sua formulação?
Podemos separar em dois aspectos: O planejamento financeiro, no sentido mais amplo, que é aquele que mencionei na resposta anterior e temos o processo orçamentário, que normalmente começa em agosto. É o período em que a área financeira reúne informações das demais áreas da empresa e, com base em diretrizes orçamentárias e premissas, elabora um modelo de projeções financeiras. É um processo que começa em agosto e vai até meados de dezembro.
Outro aspecto é a revisão do planejamento mensal, onde capturamos alguns efeitos já realizados e incorporamos ao modelo.
3.Uma empresa tem diversos setores e cada qual com as mais diferentes necessidades. Durante a elaboração de um planejamento financeiro, quais pontos são levados em consideração para atender todas essas demandas?
Nós buscamos atender as diversas necessidades dos diversos setores, mas o ponto principal que consideramos, é que cada liderança, esteja conectada ao planejamento estratégico da empresa. Assim, esse líder vai conseguir direcionar as demandas adequadamente. Por exemplo: Muitas vezes recebemos pedidos diversos e precisamos fazer esse filtro através de questionamentos. “Será que esse pedido faz sentido com o caminho traçado para a empresa? Será que essa liderança está conectada com o planejamento estratégico da empresa?”.
4.Ao ouvirmos a palavra “sustentabilidade”, a primeira coisa que vem à mente é a natureza e sua preservação. Contudo, a palavra tem outros significados, inclusive no setor financeiro e no mundo corporativo. Sendo assim, o que define uma empresa como “financeiramente sustentável”?
É quando a empresa tem capacidade financeira de honrar seus compromissos e suas obrigações. Além disso, investir em processos e projetos que sejam produtivos e que gerem resultados positivos a longo prazo. Esse é o alicerce. Com isso, é possível dizer se uma empresa está crescendo de forma financeiramente sustentável ou não.
5.Sabemos que imprevistos acontecem, inclusive dentro das empresas. Dentro da sua experiência no assunto, você consegue citar algumas falhas que as empresas cometem na hora de organizar as finanças?
Algumas das falhas são: Não ter uma estratégia clara de investimentos, investir em projetos de alto risco sem uma correta avaliação de risco x retorno, não planejar adequadamente o fluxo de caixa, não monitorar seus custos e despesas, não ter plano de contingência e falta de monitoramento financeiro.
6.Evidentemente, nenhum profissional da área financeira gostaria que isso acontecesse, mas quais seriam os impactos se um imprevisto exigir um gasto emergencial em uma determinada área da empresa?
Um dos impactos é ter que alocar um recurso que poderia ser usado de outra forma, então você abre mão de um recurso que poderia ser usado para um investimento, para alguma outra coisa para corrigir uma contingência. Outro impacto é ter um custo por uma necessidade não prevista. Há também o impacto com o clima da empresa, pois se causa um sentimento de frustração ‘Ah isso aqui que seria muito legal da gente fazer, mas nós não vamos conseguir por conta do imprevisto”.
7.Para a elaboração de um planejamento financeiro é necessário ter dados que baseiam as decisões. Como definir quais dados são os mais importantes?
É algo que vai conversar com o modelo de negócio da empresa. Exemplo: qual o nosso formato de venda? Essa é uma premissa muito importante, porque nós precisamos ter um estudo de mercado – que espaço de penetração de mercado temos – e qual a nossa capacidade de penetração nesse espaço? Outro item é como se conduz a operação da empresa: quais são as regras de negócio para atuar no nosso business? Entre outros, como premissas de mercado e marketing, ou seja, são premissas vitais para a empresa. Em suma, para se ter boas premissas é preciso ter consciência do negócio um alto grau de consciência do mercado de atuação, da capacidade de execução da empresa e recursos.
8.A tecnologia está presente em praticamente todos os lugares. No meio financeiro, o quanto ela facilita na hora da elaboração de um planejamento, projeção de cenários etc?
Hoje existem softwares que você consegue definir cenários, fazer comparações e estudos com base em premissas e isso facilita muito, pois você ganha tempo, ganha qualidade de análise e consequentemente você consegue um pouco mais de acuracidade nos modelos.
9.Já que estamos no início do ano, qual mensagem você gostaria de passar para os gestores sobre o assunto?
A mensagem número um é: entendam a estratégia da empresa e os objetivos estratégicos, pois assim cada gestor vai conseguir conectar as entregas das suas respectivas áreas ao processo de planejamento financeiro. Outro ponto, é ter uma responsabilidade corporativa. Você está ali representando uma empresa, então tenha uma visão sistêmica do processo. Veja a empresa como um todo.