Sobre mulheres na liderança: “Temos um futuro que precisa ser de grande luta para conquistar resultados.”
Liderar: segundo o dicionário Michaelis é o ato de “dirigir como líder”, mas seus significados vão muito além disso. Alguns definem liderar como conduzir, corrigir, aconselhar e influenciar. Mais do que isso, pode-se dizer que liderar é a capacidade de inspirar pessoas.
Visando inspirar outras mulheres, o “Fala, Docway” especial do Mês da Mulher, entrevista Virgínia Kumvich, Diretora Comercial na Docway. Ela nos conta um pouco sobre os obstáculos enfrentados para chegar em uma posição de liderança sendo mulher e o que podemos fazer para possibilitar que mais mulheres cheguem à posições de destaque.
Então, pegue um cafezinho, se ajeite e aproveite a leitura! ☕
1. Antes de começarmos, seria interessante conhecer um pouco mais sobre você. Ccom quantos anos você iniciou sua carreira, com o que já trabalhou e quando chegou na Docway?
Eu comecei muito jovem. Tinha uns 18, 19 anos e comecei lá na Argentina e acabei ficando com pouco tempo de experiência lá. Minha maior experiência está aqui no Brasil, já tenho 20 anos no mercado brasileiro. E no mercado de saúde, estive quase todos os anos. Na Docway, já estou há quase 1 ano.
2. Infelizmente, apesar da evolução, ainda é muito difícil vermos mulheres ocuparem cargos de liderança nas empresas. Como foi para você chegar nessa posição sendo mulher e estrangeira?
Foi uma luta diária. Consciente na época, que era estrangeira e mulher, às vezes me atrapalhou e outras me beneficiou. Quando cheguei no Brasil, com meus 23 anos, eu tive uma posição de gestora, mas tive vários desafios pela frente, sendo uma mulher em cargo de liderança. Eu sei que a liderança da mulher não é simples. É uma luta que começou no passado e as mulheres vêm conquistando uma evolução e um reconhecimento, porém não deixa de ser um desafio diário. Na verdade, são décadas de mobilização feminina para poder participar de esferas sociais e não apenas a nível de empresas. Não se tinha acesso a política ou ao mercado de trabalho.
As mulheres vêm conquistando isso há muito tempo. Elas tinham tarefas até consideradas inferiores e sempre pouco remuneradas. Ou seja, tem um histórico, que leva as mulheres cada vez mais a comemorar essas conquistas que se vêm conseguindo e ainda assim temos um futuro que precisa ser de grande luta para conquistar resultados.
3. Como foi para você deixar o seu país e fazer a adaptação no Brasil? Na sua visão, os obstáculos que as mulheres enfrentam em suas carreiras é universal?
É universal. Acho que impacta em todos os países e continua impactando.
Já o brasileiro, é muito acolhedor, alegre, ele recebe com os braços abertos, eu tenho muitos amigos de verdade aqui. O que pode ter sido um problema? Eu senti muita falta da família e de meus amigos de infância. De certa forma, é começar uma vida nova, mas tem umas escolhas que te engrandecem. Você cria uma independência. Você se faz mais forte.
4. Pensando num panorama geral, como você enxerga o mercado de trabalho para as mulheres hoje? Sabemos que já tivemos evolução nesse sentido, mas o que poderia melhorar?
Acho que tem a ver muito com a desigualdade. É um ponto que a empresa precisa apoiar para ter mais consciência de que seria uma “diferença”, no sentido de que, trazer uma liderança feminina representa uma vantagem competitiva, porque se tem entendimento de diversificar diferentes situações. Você cria uma perspectiva de visão diferente de gêneros onde há uma discussão e você pode criar possibilidades de soluções ou de valor agregado de trabalhos diferenciados, pois há diferentes pontos de vista. O homem pensa diferente de uma mulher, isso é um fato, então acho que essa diversidade engrandece a empresa. É uma luta que tem que vir da empresa mesmo, abrindo o caminho na mesma proporção tanto para o homem como para a mulher.
5. Para chegar em uma posição de liderança como a sua, imaginamos que você teve que passar por vários desafios na carreira. Poderia dar exemplos de alguns obstáculos?
Quando eu era uma jovem gerente, eu demorei bastante para chegar em um cargo de diretoria no qual, se eu tivesse o gênero de masculino, talvez fosse mais rápido o reconhecimento. Eu fui aprendendo muito com essa experiência durante todo esse tempo de trabalho. Enfim, você vai querendo superar os obstáculos que existem – bastante sendo mulher – mas é mais um sentido de você ver que está pronta para aquela posição e ainda não chega, você fica esperando por aquela conquista. Mas quando chega, você sabe que está preparada.
6. Nesse “Fala, Docway!” especial do Mês Das Mulheres é importante falarmos das lutas e desafios vencidos, mas também ressaltar as conquistas. Quais foram as suas maiores conquistas dentro e fora do mercado de trabalho?
Ter já um tempo na posição de diretoria já é uma conquista, assim como a gestão de pessoas, e tem muito a ver com a mulher porque ela tem uma habilidade, uma competência diferenciada. Não estou falando que o homem não faz bem, mas é que a mulher já traz uma tendência de cooperação, têm uma maior flexibilidade, buscando uma flexibilidade na vida profissional e pessoal.
Às vezes, alguma resolução de uma questão você também envolve muitas áreas para poder tomar uma decisão e eu acho que esse trabalho a mulher faz muito bem. Tem bastante empatia. Isso é muito bacana porque você acaba compartilhando muito com sua gestão e outro ponto importante é a forma de comunicar: Vai ser menos violenta e com outro tom, é um lado mais feminino digamos. Mas por isso acho que a diversidade é bem legal, porque você aprende com o outro. O homem aprende com a mulher e a mulher aprende com o homem.
7. E como uma mulher com uma rotina bastante corrida, quais hábitos você considera importantes de manter na rotina que ajudam você no seu dia a dia e podem inspirar outras mulheres?
Vou te falar que tem uma que eu não abro mão, que é ter um equilíbrio entre minha vida profissional e pessoal. Faço um planejamento na semana e a cada mês, para conseguir este balanço. O que seria um planejamento? Já sei quais são meus compromissos no trabalho, então me foco no planejamento pessoal, marco encontro com amigas, família e considero muito importante fazer minhas atividades físicas durante a semana. Se eu não colocasse essas agendas, de fato, estaria abrindo mão. Contudo, as minhas atividades físicas, participar em campeonatos mesmo que seja no final de semana, me dão uma revigorada, uma energia para poder estar no dia a dia e ter um equilíbrio mental e poder reagir a diferentes situações.
8. A Docway é uma empresa cuja maioria dos colaboradores são mulheres. Você acredita que esse fato gera um impacto positivo na cultura da empresa em relação às mulheres? Por que?
Acho que sim, é um exemplo. Nós vemos que no mercado muitas empresas ainda tem na liderança mais homens que mulheres. A Docway acaba sendo um exemplo para o mercado e para outras empresas. Eu acho sempre que tudo tem a ver com equilíbrio e volto a falar que não acho que tem que ter mais ou menos, acho que tem que ser trabalhado com equilíbrio e ser melhor aproveitada a competência de cada uma das pessoas.
9. E para as empresas que ainda estão construindo políticas para possibilitar que mulheres cheguem a cargos de liderança ou sejam reconhecidas pelo seu trabalho, quais lições elas poderiam levar da Docway?
Eu acho que ter uma consciência de que essa diversidade dentro da empresa gera valor e vantagem no sentido de transformar ela ante uma visão do mercado.
Eu acredito muito na perspectiva, como falei já anteriormente, das diferentes formas de pensar, das diferentes formas de ter uma visão dos diferentes gêneros. E o que tem que fazer é colocar isso dentro das empresas com essa consciência e ter uma cultura mais aberta, entender se estamos liderando, gerenciando de uma forma mais moderna, porque eu acho que no futuro, a gente nem deveria estar falando de diferenças entre mulher e homem. Teríamos que estar falando outros assuntos como, atingir o resultado, quais as vantagens competitivas, novas ideias. Isso daqui deveria ser natural, independente do que a pessoa seja, é preciso olhar para a competência da pessoa, para o perfil da pessoa e não por se ela é uma mulher ou é um homem. Mas já temos evoluído muito e continuaremos neste caminho da transformação.
Virginia Kumvich
CCO da Docway
Décadas de luta para conquistar o que sempre foi delas: o direito de estar onde quiser.
A liderança feminina é importante, pois traz novas visões sobre como solucionar antigos problemas e criar novas soluções.
Mulher na liderança só significa uma coisa para a empresa: resultados, por meio da competência ou da inspiração.
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Até a próxima! 💚