Não é preciso dizer o quanto a pandemia de Covid 19 afetou não só a saúde física, mas a saúde mental de todos nesses últimos dois anos. Mas é sabido e até estatístico o fato de que as mulheres foram as mais afetadas nesse contexto. Segundo pesquisa americana realizada pela ONG Kaiser Family Foundation, 53% das mulheres declararam constante apreensão e estresse durante a pandemia, em contraposição ao índice de 27% dos homens.
Esse resultado se dá também por mulheres já possuírem risco significativo de desenvolverem sintomas de transtornos de humor e ansiedade devido a pressões e sobrecarga emocional impostos pela sociedade sobre elas.
Um dos fatores associados a essa sobrecarga está ligado ao acúmulo de papéis desempenhados pela mulher no âmbito social e familiar, que exigem que ela mantenha posturas e atitudes muitas vezes não condizentes com seu real estado de saúde mental, exigindo ainda mais de si mesmas.
Outro dado preocupante relacionado ao confinamento domiciliar durante a pandemia diz respeito à incidência de casos de violência doméstica contra as mulheres, que cresceu em média de 30% no mundo todo, com variação para mais e para menos em alguns estados brasileiros segundo os dados da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos (ONDH). Com a soma de outros traumas e eventuais abusos psicológicos, a saúde mental da mulher se torna cada vez mais vulnerável e propensa a sofrer sérios prejuízos.
Em suma, durante a quarentena todos esses traumas, atividades e sobrecargas se acumularam atingindo níveis insustentáveis, uma vez que home office, a falta de divisão de tarefas (ou muitas vezes a impossibilidade desta divisão, no caso de mães solo) na atenção com filhos, a casa, o confinamento, os abusos e o medo do coronavírus resultaram em um caldeirão efervescente de problemas que não dificilmente podem culminar em um burnout, exaustão profissional e até doenças físicas por somatização, que chamamos de doenças psicossomáticas.
O que são doenças psicossomáticas ou transtorno de somatização?
As doenças psicossomáticas são causadas por problemas emocionais e representam a ligação direta entre nossa saúde mental, emocional e física. Ou seja, quando o sofrimento psicológico se torna tamanho que acaba causando ou agravando uma doença física.
Esse processo não é consciente e a confirmação do diagnóstico não é nada simples, principalmente porque todas as outras possíveis causas devem ser investigadas e excluídas antes. Também chamado de transtorno de somatização, nesse processo a pessoa costuma apresentar múltiplas queixas físicas que não são explicadas por nenhuma doença ou alteração orgânica. Geralmente os sintomas se intensificam quando a pessoa se encontra em situações de estresse e/ou pressão emocional. Seu principais sintomas são ansiedade, irritabilidade, impaciência, depressão, gastrite, enxaqueca, falta de ar, fibromialgia, aumento de pressão, constipação/diarréia, lesões na pele, queda de cabelo, fraqueza, falta de libido, impotência, alteração no ciclo menstrual, entre outros.
Em pleno Outubro Rosa, quando se discute muito a saúde da mulher especialmente a partir da ótica do câncer de mama e do câncer de colo do útero, é importante falar sobre cuidado com a saúde como um todo, do início ao fim, da cabeça aos pés – neste caso, literalmente.
Tratamento existe!
Juntamente com o tratamento para alívio das lesões físicas, é preciso cuidar da origem desses problemas – que é nossa psiquê.
A psicologia é a área científica responsável pelo estudo da mente humana e suas mais variadas abordagens e pode vir a amenizar a questão da psicossomatização das doenças através da TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL. A terapia é um conjunto de técnicas e estratégias terapêuticas para tratar nossas respostas emocionais e comportamentais aos problemas.
O autocuidado é incrível e necessário, a prática regular de exercícios físicos é fundamental, ter uma rede de apoio com amigos e familiares é primordial, o equilíbrio com novos hobbies e um olhar até mais espiritual… Mas tudo isso DEVE ser complementado por um atendimento especializado em questões de saúde mental, que jamais deve ser substituído por nada.
É inegável que, durante essa pandemia tivemos uma quantidade bem maior de estímulos prejudiciais, o que pode ter aumentado a probabilidade de desenvolvimento de doenças psicossomáticas, mas através da terapia é possível uma manutenção da situação – e, em alguns casos, até mesmo a anulação de fatores mentais limitantes que podem ser fatores de causa de doenças físicas.
Na dúvida, procure SEMPRE um especialista. Para o corpo e para a mente.
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