Sobre a valorização da enfermagem: “Talvez, se enfermeiros estivessem gerenciando grandes centros de saúde pelo país, isso poderia modificar o cenário da saúde no Brasil”
Você com certeza já teve contato com um profissional de enfermagem em algum momento de sua vida. Mas, será que percebeu a sua importância dentro do sistema de saúde?
Infelizmente, essa profissão não tem o reconhecimento que realmente merece. Sabia que o enfermeiro(a) é o responsável pelo antes, durante e após atendimento do paciente? Sem ele, não há quem zele pela segurança e cuidado de cada procedimento, seja ele qual for. No ambiente hospitalar ou na telemedicina, esse profissional desempenha um papel fundamental.
Aqui na Docway, por exemplo, o paciente passa boa parte de sua experiência na plataforma com o enfermeiro, recebendo todo o auxílio necessário.
Por isso, devemos nos conscientizar, ainda mais, sobre a função dessa profissão tão nobre e essencial. Todos os profissionais que atuam nesta área, seja técnico, auxiliar, ou bacharel, merecem ser valorizados pelo trabalho que requer muita dedicação e estudo e, acima de tudo, muita humanidade e atenção.
Então, em comemoração ao Dia da Enfermagem, bati um papo muito especial com a nossa Gerente de Enfermagem, Gláucia Duarte, sobre o tema “Valorização da Enfermagem”. Hoje, você vai conferir como é a função e a rotina desse profissional na jornada do paciente, seus desafios, a valorização da profissão e muito mais.
Pegue um café e aproveite a leitura! ☕
1. Com a pandemia, as práticas de telemedicina ganharam mais visibilidade pelo fato de proporcionarem maior praticidade e eficiência em determinados casos e, com isso, vem ganhando cada vez mais reconhecimento pelo mercado e a população.
Você, como gerente de enfermagem de uma empresa de telemedicina, consegue dizer quais as principais diferenças entre as atividades da profissão no modo presencial para o remoto?
Eu vejo alguns pontos. Antigamente, só era possível que o enfermeiro trabalhasse em um ambiente hospitalar. Sendo necessário um deslocamento, muitas vezes, por meio de transporte público, perdendo de 2 à 3 horas de locomoção. Além disso, a maioria dos enfermeiros não possuem somente um vínculo profissional, quando geralmente trabalham em dois serviços. Sendo assim, esses dois fatores são responsáveis por reduzir muito a qualidade de vida da pessoa. Nem em nossos melhores sonhos poderíamos imaginar ter a possibilidade de trabalhar de forma remota, fazendo com que o deslocamento não fosse mais preciso. Esse é o primeiro ponto.
O segundo é que nós também aprendemos a cuidar à distância: ouvindo, acolhendo e direcionando pacientes seja pelo áudio ou vídeo. Então, a enfermagem teve que redescobrir uma maneira de trabalhar com a utilização da tecnologia, mantendo a qualidade de atendimento.
2. A profissão de enfermagem, desde sua origem, desempenha funções que são muito importantes em nossa sociedade. Porém, muitas pessoas não sabem identificar o papel do enfermeiro no processo de atendimento, muitas vezes, atribuindo todo o reconhecimento ao médico. O que é errado, já que as duas profissões são complementares.
Então, quais são as principais diferenças do atendimento médico com o atendimento de enfermagem?
O foco do médico é no diagnóstico e na doença, atuando na melhora ou na cura de uma condição. O papel do enfermeiro é ser responsável pela prevenção, acompanhamento dos pacientes, orientação, acolhimento e por direcioná-lo até o serviço certo de acordo com sua condição, sendo ele quem fica a maior parte do tempo da jornada com o paciente. Seja no ambiente hospitalar ou na telemedicina. O enfermeiro tem a visão do todo, por isso, consegue realizar o direcionamento do paciente para o serviço adequado. Ele acompanha o antes, durante e após o atendimento.
3. O enfermeiro, após sua formação, pode se especializar em alguma área?
Sim, a maioria possui especialização. A minha formação inicial é de enfermeira emergencista. Eu trabalhava em pronto-socorro adulto e infantil e depois fiz transporte aéreo. Cada enfermeiro tem sua especialização, mas, geralmente ele não deixa de acompanhar o paciente como um todo.
4. Baseado em sua experiência aqui na Docway, coordenando uma equipe de enfermagem que trabalha remotamente, como é o papel do enfermeiro na jornada do paciente?
Hoje, aqui dentro da nossa plataforma, o enfermeiro tem a função de acolher o paciente e é uma “ponte” entre o serviço de vídeo e o presencial, por exemplo, se uma pessoa com um AVC vem em busca de um atendimento virtual, o profissional irá direcioná-lo para um serviço de emergência presencial. Ou seja, desempenha a função de direcionador até mesmo para o presencial ou outros meios que irão suprir a necessidade daquele paciente. Além disso, ele também presta apoio em questões de usabilidade da tecnologia, pois acompanha e auxilia o paciente que tem dificuldade de manusear a plataforma.
5. A modalidade de atendimento virtual ainda pode ser considerada recente no Brasil e até no mundo, principalmente quando falamos da enfermagem nesse meio.
Do seu ponto de vista, quais foram as principais dificuldades que essa profissão enfrentou com a telemedicina e quais são as principais vantagens em relação a essa forma de atendimento?
Eu acho que ainda teremos muitos desafios. Mas, o maior desafio até aqui, foram as poucas resoluções e normativas que nos direcionaram. Não só na enfermagem, mas em todas as profissões. Quando a pandemia começou, nós tivemos uma liberação de normativa pelo Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (Coren) de que naquele momento o enfermeiro podia atuar baseado no cenário do Covid-19. Após um tempo, o Coren se posicionou novamente dizendo que com a resolução de 2020, eles consideram que a partir de agora esse serviço seja essencial para a saúde, pois viram que possui valor agregado no cuidado à distância ao paciente.
Então, nesse processo de pandemia, conseguimos mostrar bastante o potencial do cuidado remoto. Temos uma grande evolução, com a liberação do Conselho Federal de Medicina (CFM) e Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) desta modalidade de atendimento, focado na segurança e qualidade. Eu acho que a telemedicina é uma modalidade que não tem volta, por todas as suas vantagens como a sua praticidade e economia de custos.
6. Trabalhar na área da saúde demanda muita dedicação e humanidade. Quando focamos na enfermagem, isso fica ainda mais claro. O cuidado ao paciente é fundamental e a(o) enfermeira(o) é um dos profissionais que mais realiza esse acolhimento.
Porém, mesmo sabendo disso, essa profissão não tem o reconhecimento que merece. Para você, o que falta para a valorização dessa profissão perante as pessoas, e o que as empresas que empregam esses profissionais podem fazer para externar essa valorização?
Nós vivemos num contexto em que o atendimento é exclusivo do médico, então, culturalmente as pessoas identificam o médico como o centro do atendimento. Por isso, temos um trabalho cultural gigantesco no Brasil de mostrar o quanto de conhecimento e preparo que o profissional de enfermagem tem, até com especialidades. Algumas vezes, tanto quanto um médico. Para isso, as empresas devem dar ferramentas e visibilidade sobre a importância do atendimento da enfermagem, mostrando que é um serviço muito essencial dentro de um sistema nacional.
Talvez, se enfermeiros estivessem gerenciando grandes centros de saúde pelo país, isso poderia modificar o cenário da saúde no Brasil, fornecendo um direcionamento correto e com menor custo. Precisa-se pensar no enfermeiro como um profissional capacitado que tem condições de fazer qualquer tipo de atendimento.
7. Para finalizar com chave de ouro a nossa edição especial do Dia da Enfermagem, você poderia comentar um pouco sobre o papel dessa profissão no mundo, e o porquê você decidiu seguir essa carreira?
Meu olho até brilha falando do papel dessa profissão! Eu acho que todo enfermeiro tem que saber o quanto é importante nessa jornada de saúde. Ele possui o papel de educar, prevenir, cuidar, e restaurar a saúde. O enfermeiro pode ser o transformador do sistema de saúde. Eu comecei na enfermagem no técnico com 15 anos e depois decidi seguir carreira, fiz pós graduação, ou seja, são 22 anos de profissão e eu faria enfermagem novamente, é a profissão que brilha meus olhos.
Espero que tenha curtido a leitura e conseguido refletir um pouco acerca desse tema tão relevante para nós, não só como parte de uma empresa de saúde, mas como parte de uma sociedade que clama por melhores cuidados. Cada profissional possui seu papel e, por isso, devemos tratá-los com equidade, reconhecendo seu valor.
Se gostou do assunto, compartilhe com seus colegas!
Até a próxima! 💚
Giovanna Carvalho